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Eis um cara para dar inveja a qualquer viajante: o norueguês Gunnar Garfors é o mais jovem viajante a visitar todos os 198 países* do mundo como turista. Para aumentar ainda mais a importância do feito, um detalhe: ele mantém seu emprego fixo em um escritório, como dono de uma empresa de comunicação, e só usa finais de semana e suas férias pagas oficiais de cinco semanas por ano!

Aos 37 anos, seu livro ”198: How I Ran Out Of Countries” (ou ”198: Como Não Tenho Mais Países Para Visitar”, em tradução livre) foi lançado com sucesso no ano passado, e nós batemos um papo com esse viajante recordista em um dos raros momentos entre viagens para saber mais sobre sua inspiradora volta ao mundo.

Quando você começou a se interessar de verdade por viajar?

Tive sorte em começar a viajar quando ainda era bem jovem com a minha família, e depois saí viajando sozinho de trem (InterRail) pela Europa quando tinha 17. Mas acho que comecei pra valer em 2000, quando fiz minha primeira viagem fora do mundo ocidental, para um casamento na Índia e depois China para ficar com a minha namorada que estava estudando lá.

Depois, em 2004, visitei o Cazaquistão. Aquilo foi algo totalmente diferente para um norueguês como eu. Eu tinha sido convidado para uma conferência e decidi tirar mais uma semana para explorar a região com meu irmão. Depois disso, simplesmente decidi que iria visitar os outros países “istão” que faltavan – Tajiquistão, Uzbequistão, Quirguistão, Turcomenistão, Afeganistão e Paquistão – porque eu era fascinado com a história e a generosidade das pessoas que tinha conhecido. Isso foi até 2008, e foi aí que decidi que queria viajar para todos os países do mundo.

Eu não tinha muito dinheiro, mas tudo que eu ganhava eu gastava em viagens. E fico feliz que tenha feito isso. Não tenho nenhuma obra de arte cara, não tenho sequer um carro, não tenho um cachorro, nem uma coleção de CDs. Tudo que eu ganhei foi aplicado nas viagens, o que, pra mim, é o mais importante da vida – explorar o mundo!

Gunnar nos altos de Machu Picchu, no Peru. © Garfors

Como você organiza seu tempo e suas viagens?

Na verdade, eu fiz tudo aos poucos, enquanto tinha meu emprego fixo, geralmente viajando numa quarta-feira à noite e tirando a quinta e sexta dos meus dias de férias, e depois voltando na segunda de manhã para o escritório.

Pra mim, acho que é melhor desse jeito. Quando as pessoas saem por períodos muito longos, tendem a planejar demais, o que significa que qualquer mudança no caminho pode gerar um efeito dominó no resto das viagens. Separar as viagens também significa realmente mergulhar na cultura de cada país, diferente de ficar pulando de um lugar pro outro.

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Ficando um tempo limitado em alguns lugares, como você sabe que o tempo foi bem gasto?

Minha principal prioridade quando viajo é experimentar a vida que os moradores vivem. Então, costumo me jogar e tentar conhecê-los, ao invés de seguir recomendações de outras pessoas que visitaram o local antes de mim.

Eu adoro mapas, e sempre me certifico de que tenho um quando viajo, mas eu não sou daqueles que fazem um pré-planejamento em excesso. Eu converso com as pessoas locais. Não falo muitas línguas, mas você consegue se virar praticamente em qualquer lugar com o inglês. Mesmo assim, já me surpreendi e muito com tantos tradutores talentosos que esbarro pelas ruas, e que te cumprimentam com os braços abertos e dispostos a ajudar.

Além da barreira da língua, tem uma coisa que todo mundo pode viajar quando viaja para um lugar novo – sorrir! Pode parecer óbvio, mas um sorriso simpático pode facilitar diversas situações. Eu pude descobrir muitas diferenças entre culturas e sociedade enquanto viajava, mas isso é algo que permanece como uma linguagem universal, e a gente tem que aprender a fazer mais.

Qual o seu lugar favorito no mundo?

Essa é uma pergunta literalmente impossível de responder, especialmente porque é muito pessoal: suas experiências de viagem se tornam tão boas e divertidas quanto você as faz. Não espere que as experiências boas ou mesmo as inesquecíveis venham até você: é você que tem que encontrá-las e curtir os momentos ao máximo. Mas posso dizer que minhas experiências tanto na Irlanda quanto no Brasil foram fantásticas, e que as pessoas foram extremamente sociais, abertas e convidativas.

Um passeio de bondinho em meio à Aurora Boreal, nas épicas montanhas de Narvikfjellet. © J-A Pettersen

Puxando um pouco a sardinha para o meu país natal, eu sempre adoro viajar para o meu chalé no norte da Noruega, perto de Narvik. Lá, você está ao norte do circulo polar; então durante o verão, você vê o sol da meia-noite, com uma paisagem incrível, com montanhas, fiordes, geleiras, ilhas, milhares de peixes no mar, e tudo tem um cheiro de vida e frescor.

Depois, se você volta no inverno, já não tem sol algum – 24 horas de escuro, com uma luz azul mínima. E de noite, você têm aquelas incríveis luzes da aurora boreal. É a natureza que vai de um extremo ao outro. É algo realmente espetacular, e diferente de tudo que já vi pelo mundo.

Você segue um princípio de como manter a mente aberta enquanto viaja?

Comece viajando com pouca ambição, perto de casa. Vai te dar um bom senso de perspectiva de onde você quer ir, que tipo de viajante você e de qual próximo destino escolher. Não apresse as coisas, e faça uma viagem de cada vez. Isso vai atiçar a sua curiosidade sobre o mundo, tornar você mais criativo, mais motivado para poupar grana e com mais vontade de explorar por aí.

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Como aproveitar ao máximo viajando sozinho?

Bom, existem dois tipos de viajantes: aqueles que conseguem viajar sozinhos, e os que não conseguem. No fim das contas, é uma questão de equilíbrio. É sempre uma boa ideia pesquisar um pouco em termos de segurança e facilidade de viajar. Em alguns países, viajar em um grande grupo pode aparentar como algo amedrontador e até ameaçador para os moradores locais, enquanto que estando sozinho, significa que você vai conseguir se misturar mais facilmente.

Depois, é comum esquecer que você vai sim conhecer um monte de gente pelo caminho, tanto moradores locais como viajantes que nem você. Mantenha uma atitude positiva, diga “sim” mais seguido e você fará amigos rapidinho.

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Quais são as suas dicas para economizar nas viagens?

Tente ir um pouco contra a maré – não viaje quando todo mundo também estará viajando, como em épocas de férias escolares. Optar por aeroportos alternativos na hora de reservar o voo também pode render uma boa economia.

Se precisar fazer uma escala, talvez valha a pena escolher uma que dure mais do que quatro horas, e buscar por ofertas de passagens que tenham um intervalo superior a 24 horas. Essas são geralmente mais baratas, e acaba saindo como se você tivesse férias dentro das suas férias normais. É sempre melhor sair do aeroporto, sempre que possível, e explorar o lugar onde você está.

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Qual foi o último país que você visitou e qual foi a sua sensação quando chegou?

Pronta para acender o fogo, nas margens da ilha de Santo Antão, em Cabo Verde

Isso foi em maio de 2013 quando eu visitei Cabo Verde. Foi uma sensação maravilhosa pisar naquele solo, e foi incrível poder compartilhar com alguns familiares que estavam me acompanhando naquela viagem.

Depois disso, voltei pra casa e senti como se algo estivesse faltando. Eu achava que sentiria um sentimento de completude e de satisfação por alcançar aquilo, mas me dei conta que o que eu fiz – viajar para todos os 198 países do mundo – foi só o começo. Há muito mais para eu explorar, tanto lugares que eu quero voltar quando novas cidades e regiões de países que eu visitei. Vai levar a minha vida toda, mas eu simplesmente amo esse desafio.

Para saber mais sobre Gunnar e suas viagens, visite o blog dele.

*Gunnar credita os 198 países do mundo como os 193 membros da Organização das Nações Unidas (ONU), mais 2 Observadores da ONU – Vaticano e Palestina – e 3 outros (Kosovo, Taiwan e Sahara Ocideantal) que são reconhecidos pela ONU como países.

Procurando mais dicas de viagem? Visite o blog momondo para conferir nossa checklist de viagem, com dicas essenciais para todo viajante, e também uma entrevista com o incrível jovem fotógrafo iraniano Mohammad Reza Domiri Ganji.

Sobre o autor

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