Marina aprendeu a viajar com a família, e depois seus voos solo a tornaram a viajante mais experiente de casa. Conversamos com ela sobre como as viagens solitárias e acompanhadas se complementam.
1. O que viajar representa para você?
É muito mais do que tirar férias e ir para algum lugar longe de casa. É experimentar novos sabores, ver paisagens diferentes, conhecer novas palavras ou línguas (acontece até aqui no Brasil), conversar com pessoas que têm vidas muito diferentes da minha e aprender, aprender, aprender. É uma oportunidade de fazer descobertas e redescobertas, às vezes sobre mim mesma.
2. Quando e qual foi o destino para onde você e sua família foram pela primeira vez?
Provavelmente para o Uruguai. Minha família é do Rio Grande do Sul e todo o verão íamos acampar em Punta del Este, quando a cidade ainda não era toda essa badalação que é hoje. Curiosamente, o Uruguai também foi o destino da nossa última viagem. Eu e o meu pai fomos pedalando do Chuí a Montevidéu e minha mãe e minha irmã nos acompanharam de carro.
Eu também gosto de viajar sozinha, com amigos ou com o meu namorado, mas viajar em família é sempre uma oportunidade de me reconectar com os meus e com as minhas origens, de lembrar quem eu sou e de onde vim. Também é muito divertido e harmônico, já que gostamos das mesmas coisas e concordamos em quase tudo, de política a religião.
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3. Então as suas primeiras viagens da vida foram em família? Isso te fez sentir vontade de explorar mais e viajar sozinha?
Ah, com certeza! Viajei muito em família antes de encarar a primeira viagem sozinha. Além das aventuras de carro para o Uruguai, para Santa Catarina e pelo Rio Grande do Sul, tivemos duas viagens marcantes: Rio de Janeiro (quando andei de avião pela primeira vez, aos 6 anos) e Porto Seguro (aquele pacotão bem turístico que se popularizou nos anos 90). Foram experiências que me mostraram o valor de conhecer outros lugares e pessoas e que me fizeram querer viajar sempre mais.
4. Estar acostumada a viajar sozinha é algo que te ajuda também nas viagens em família?
Com certeza. Acabo ficando encarregada do planejamento das nossas viagens juntos, porque sou a mais “experiente” da família.
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5. Na sua opinião, quais são os maiores desafios de viajar em família?
Acho que, quando se viaja em grupo em geral, é preciso estar disposto a lidar com as vontades e gostos das outras pessoas – e às vezes a abrir mão de algumas vontades nossas. Nem todos vão ter fome no mesmo horário, ou vão ter vontade de fazer o mesmo passeio ou comer no mesmo restaurante. Então sempre há uma negociação, mas isso não significa que o grupo não pode se separar. Em viagens para cidades, principalmente, uma pessoa pode ir a um museu enquanto a outra faz compras, por exemplo.
6. Quais são os teus conselhos para organizar uma viagem em família?
Entender as expectativas de todos em relação à viagem e fazer o possível para atendê-las. Assim todo mundo termina a viagem feliz. Na última que fizemos, o objetivo meu e do meu pai era pedalar, mas o objetivo da minha irmã era conhecer as praias. Então nos hospedamos sempre em hotéis ou casas bem perto do mar.
7. Qual é o destino perfeito para uma viagem em família e por quê?
Depende totalmente do tipo de família. Tem gente que ama ir para Orlando com a família inteira, por exemplo, mas esse é um destino que não tem nada a ver com os meus pais (apesar de eu amar, hahaha!). Eles também não são muito aventureiros. Então, no nosso caso, o melhor destino é sempre uma cidade grande e charmosa, cheia de atrações culturais. Ou então uma praia para descansar e curtir o verão. Mas cada família tem o seu estilo.
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8. Você poderia contar algo que aconteceu em uma das suas viagens e que impactou a maneira como você viaja?
Toda viagem deixa uma lição. Senão uma lição de vida, ao menos uma lição de como viajar melhor. Ao longo dos anos acho que a lição mais valiosa que eu aprendi é que não, não dá para fazer tudo. Você pode até planejar ir a quatro museus num dia, dois restaurantes e cinco lojas. Mas saiba que não vai dar certo. Então o melhor é ter uma listinha das coisas que você gostaria de fazer e ir eliminando as atrações sem pressa.
Eu parei de sofrer com a falta de tempo para fazer tudo quando passei sete dias em Londres e não consegui visitar a Tower Bridge. Simplesmente não deu tempo. O que penso quando isso acontece? Tem muita vida pela frente, ainda quero voltar muitas vezes nesse lugar. Outra lição mais prática é nunca passar uma única noite num lugar, por menor que ele seja. Fiz isso em Zadar, na Croácia, e deu uma dor no coração ir embora sem ter curtido mais o clima da cidade.
9. O que você espera compartilhar com a sua família através dessas viagens com eles?
Além dos bons momentos durante a viagem em si, que é sempre uma oportunidade de reconexão (principalmente quando são todos adultos e cada um mora num lugar diferente), as memórias que se criam são o maior presente das viagens em família.
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10. Numa frase, o que diria para inspirar outras mulheres a viajar sozinhas, e uma frase para viajar em família?
Para viajar sozinha: ir só é muito melhor do que não ir.
Para viajar em família: não há oportunidade melhor de reconexão e redescoberta de afetos e carinhos.
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