Quem é que não gosta de uma praia? Tomar um sol, um banho de mar e relaxar com a brisa do oceano. Ilhabela, com suas 40 praias de tirar o fôlego, é um dos destinos preferidos no litoral Norte de São Paulo. Da praia é difícil de notar, mas Ilhabela guarda muito mais do que aparenta. Mas com tanta riqueza natural, fica a pergunta: o que fazer em Ilhabela?
Tanto do ponto de vista histórico quanto natural, a ilha tem muito o que revelar, até mesmo para quem já esteve por lá inúmeras vezes. Por exemplo, você sabia que, há cerca de mil anos atrás, índios habitavam e visitavam aquelas terras como ponto de pouso durante longas viagens a remo? Ou que piratas e corsários utilizam a ilha como ponto de descanso e esconderijo para guardar os bens saqueados de Santos e São Vicente, e que inclusive uma das comunidades caiçaras da ilha é formada por descendentes diretos desses piratas? Agora, imagine essas histórias tendo como pano de fundo a beleza natural de Ilhabela, com suas praias, águas cristalinas e montanhas ao fundo. Agora sim!
Uma boa forma de entrar na história local é saindo um pouco dos roteiros tradicionais da ilha e conhecendo alguns de seus tesouros naturais. Aqui, o Desviantes compartilha cinco sugestões do que fazer em Ilhabela que vão muito além das praias. Confira!
1. Subindo até o Pico do Baepi
Levada as suas devidas proporções, Ilhabela é um destino de extremos, assim como alguns locais do Chile e da Nova Zelândia, onde em questão de horas, é possível sair da praia e chegar no alto de uma montanha. O Pico do Baepi, com 1.048 metros de altitude, não é o maior do arquipélago, mas é o mais imponente.
A caminhada leve cerca de 4 a 5 horas para sair próximo do mar e se chegar no cume. Dentro da trilha, o contato com a Mata Atlântica e toda sua biodiversidade é intenso. Com sorte, você poderá encontrar espécies de animais em risco de extinção, como o “Macuco”, a Jacutinga e o Macaco prego. Lá de cima, você irá se impressionar com a vista. Além de ver grande parte do litoral Norte de São Paulo, pode-se notar a grandiosidade de Ilhabela e toda a mata intocada e nativa existente no interior da ilha.
A caminhada é de nível moderado e exige um bom preparo físico. Não é preciso ser nenhum atleta, mas você precisa ter preparo para caminhar por algumas horas seguidas e em relevo íngreme. Para quem não tem experiência com trekking, é extremamente recomendável contratar uma empresa de guias locais. Eles vão indicar os equipamentos necessários, ajudar com o planejamento e dar todo apoio durante o percurso. Fique atento, é importante levar água, pois na trilha não há nenhum ponto (bica ou cachoeira) para reabastecer. É recomendado que você leve no mínimo 2L de água por pessoa.
2. Mergulhando em naufrágios de mais de 130 anos
Muitos dos segredos de Ilhabela estão escondidos nas profundezas de suas águas. A ilha guarda ao todo 23 naufrágios, alguns com mais de 130 anos de história.
Mergulhar em um naufrágio é como ir a um museu que recebeu poucas visitas e voltar ao passado para desvendar os segredos dos tripulantes e os costumes da época. E não pense que são apenas barcos pequenos e de pouca importância que estão por lá. Um dos naufrágios, o Príncipe das Astúrias, foi o segundo maior naufrágio das américas, perdendo apenas para o conhecido Titanic, sendo responsável pela morte de mais de 1.200 pessoas.
O Mergulho de Naufrágios pode ser feito apenas por mergulhadores certificados. Três naufrágios são os mais recomendados para mergulhadores iniciantes. São eles o Aymoré (1914; Praia do Curral; 3 a 7 metros), o Dart (1894; Itaboca; 5 a 15 metros) e o Velásquez (1908; Ponta da Sela; 9 a 20 metros).
Se você não for um mergulhador certificado, não se preocupe, poderá conhecer a história completa de todos os naufrágios no Museu Náutico de Ilhabela, vendo o acervo de objetos resgatados das embarcações e observando no detalhe as maquetes dos principais naufrágios.
3. Observando aves exóticas
Uma forma bem interessante de conhecer Ilhabela é através de suas aves. Por ser um arquipélago, sua fauna e flora possuem características únicas em relação à sua composição e distribuição geográfica. Esses camaradas chegaram no local muito antes de qualquer civilização e desde então vêm espalhando sons e cores pela natureza.
Observar aves é sempre sinônimo de surpresas. Nunca se sabe quando você irá se deparar com uma espécie exótica. Cada pássaro avistado é como um tesouro achado na natureza, que deixa belas lembranças sem afetar a liberdade das aves. Em Ilhabela, esses encontros são bem comuns, são mais de 310 espécies catalogadas, e mesmo na área urbana, com olhos atentos, não é difícil um encontro com tucanos de bico verde e saíras de cores variadas.
Uma dica é preparar a câmera e sair para uma caminhada em uma das trilhas próximas ao centro. A trilha do poção, no parque municipal das cachoeiras e a trilha para a cachoeira do Bananal, são boas opções.
4. Visitando a Cachoeira do Bananal, com vista para o mar
Que tal sair um pouco da água salgada e ir lavar a alma na água doce? Ilhabela tem em torno 40 cachoeiras em seu território, sendo ao menos dez turísticas e acessíveis. A Cachoeira da Toca, por exemplo, é uma das mais conhecidas, fica em propriedade privada e você pode chegar até lá em uma caminhada de 20 minutos.
A Cachoeira da Toca é um bom começo, mas se você quiser ser surpreendido, permita um conselho. A Cachoeira do Bananal vai superar sua expectativa. Além da beleza da queda d’água em forma de tobogã, de lá, você também pode contemplar a vista para o mar, mais precisamente do canal de São Sebastião.
Mais uma curiosidade: Durante o período colonial, com o cultivo baseado em mão de obra escrava, Ilhabela teve um grande episódio de escravidão, sendo ponto de comércio ilegal de escravos. Acredita-se que a população escrava tenha chegado a mais de 10 mil pessoas. Os escravos fugidos procuravam esconderijo na mata, e a Cachoeira do Bananal foi um dos abrigos que serviu de antigo refúgio. Por isso, ela também é chamada de Cachoeira do Quilombo.
A trilha até a queda do Bananal é leve, não exige muito esforço físico e tem extensão de 4,8 km (ida e volta). Mas, por conta das bifurcações e de suas pedras escorregadias, é essencial contratar uma empresa especializada para realizar o passeio.
5. Visitando a praia de Castelhanos por terra
E nada mais justo do que finalizar com uma dica de praia. Mas essa não é uma praia qualquer, não mesmo. Para chegar até Castelhanos, você precisa fazer um Jipe Tour sensacional, atravessando 22 km de Mata Atlântica, pequenas cachoeiras, fauna e flora tropical. Você sobe em um jipe 4×4, passa por lugares incríveis e quando chega ao destino, se depara com Castelhanos, uma praia de águas cristalinas, habitada por 15 famílias de pescadores.
Castelhanos é um daqueles cenários que faz cair a ficha de que você está em uma ilha tropical paradisíaca. Vista de cima, a praia lembra o formato de um coração, já lá de baixo, dá para ver como suas águas são cristalinas e convidam para um mergulho.
Com uma caminhada de 40 minutos, você também tem a opção de visitar a Cachoeira do Gato, uma queda d’água de 80 metros de altura, ótima para dar uma refrescada.
As saídas de jipe para Castelhanos partem do centro da cidade e são realizados por empresas autorizadas.