Explorar o Velho Continente é o sonho de muito viajante, seja ele amador ou profissional. E fazer um mochilão pela Europa não precisa significar exatamente colocar uma única mochila nas costas e sair pedindo carona entre os países. Mas sim organizar roteiro(s) práticos que possibilitem visitar o máximo de lugares novos, mas sem comprometer a diversão e a tranquilidade.
A seguir, a gente lista seis dicas de roteiros imperdíveis para mochilar na Europa, que cobrem boa parte do velho continente. Antes de tudo, porém, vale prestar atenção em alguns conselhos essenciais antes de por o pé na estrada e aproveitar ao máximo seu mochilão pela Europa.
Dicas para preparar seu mochilão pela Europa
1. Primeiro monte o roteiro, depois compre as passagens. Isso ajuda a evitar gastar mais tempo e dinheiro com idas e vindas desnecessárias.
2. Quase sempre é melhor comprar a passagem de ida para o primeiro destino a ser visitado, e a passagem de volta saindo do último destino. Ida e volta do mesmo lugar só gastam mais tempo e, no fim das contas, a suposta economia não se confirma.
3. É bom sempre calcular o dia de deslocamento entre cidades/países como “perdido”, especialmente se a chegada for em um aeroporto afastado do centro da cidade. Nos casos de cidades próximas uma da outra, às vezes vale mais a pena fazer um “bate-volta” e se livrar do incômodo de carregar malas, fazer check-ins etc.
4. Tente controlar o “rítmo” do mochilão. Mesmo para os mais jovens e animados, investir em maratonas malucas vai pesar no cansaço. Por exemplo, marcar todas as partidas para as 5h da manhã acaba desgastando demais o corpo e a mente, e os passeios vão se tornar menos prazerosos em função do acúmulo de sono.
5. Sempre que possível, prefira os trens, que normalmente chegam e saem do centro da cidade, evitando os longos deslocamentos. A não ser, claro, se a viagem durar mais de 6 horas – daí vale mais ir de avião. Leia nosso artigo sobre como viajar de trem na Europa com dicas de tudo o que você precisa saber.
6. (In)felizmente, a Europa é gigante e não vai caber inteira no seu itinerário. Portanto, praticar o desapego é fundamental num mochilão. Trace prioridades dos lugares e pontos turísticos a serem visitados e tente evitar a tentação de fazer desvios de muitas horas para ver aquela igrejinha lá no norte que a sua tia disse que era imperdível.
Roteiro 1 – Europa Clássica: Londres, Paris, Roma
Londres – Paris: voo de 1,15 hora ou 2,5 horas de trem
Paris – Roma: voo de 2 horas
A capital da Inglaterra é daquelas em que quanto mais tempo se fica, mais vontade dá de ficar. Os maravilhosos (e gratuitos) museus, a infinidade de bares e restaurantes, a noite pulsante, o antigo e o novo estampados na arquitetura… não tem como ficar cansado de Londres. E se sobrar tempo na viagem, vale fazer um bate-volta a lugares como Bath (1h de trem), Stonehenge (1h30), Oxford (1h) ou Liverpool (2h40). Ou quem sabe até dar um pulo em Edimburgo (4h30 de trem), na Escócia.
De Londres, a melhor dica é ir de trem para Paris – são 2h30min de viagem a bordo do mega confortável Eurostar, saindo e chegando em pleno centro da cidade. A capital francesa é o sonho de consumo de todo turista europeu, e é só pisar em solo parisiense que tudo se justifica. Basta começar a andar (e, acredite, caminhar é a dica mais perfeita para descobrir e curtir Paris) para dar de cara com um cartão-postal atrás do outro. Também vale a pena fazer um tour de um dia até Reims (a região das adegas da verdadeira champanhe).
E depois de rápido voo, chega-se a outro clássico europeu: Roma. O trânsito caótico e o calor abafado do verão em nada comprometem o encanto de visitar uma cidade que respira história e mitologia. Com um catálogo de monumentos a céu aberto, a terra da pizza e do gelato ainda tem o Vaticano “de brinde” – um país novinho para incluir no seu roteiro, bem ali dobrando a esquina.
E por que não estender o passeio até a bela Florença (1h30 de trem) ou a charmosa Nápoles (1h)? Distâncias curtas para prazeres e sensações totalmente compensatórios.
Roteiro 2 – Europa Ibérica: Lisboa, Madrid, Barcelona
Lisboa – Madrid: 2h de voo ou 11h de trem noturno
Madrid – Barcelona: 1h15 de voo ou 2h30 de trem
Tudo é agradável em Lisboa – o clima, a comida, as pessoas e até os preços – por isso mesmo, os brasileiros sentem-se tão à vontade na capital de Portugal. Rodeada por história, é envolta numa vibe tão despojada quanto convidativa a seus visitantes. Impossível resistir.
De Lisboa, dá tranquilamente para fazer passeios de ida e volta no mesmo dia para Sintra ou Cascais, por exemplo, ambas a cerca de meia hora de distância. Pode-se ainda mudar tranquilamente de país, indo até Sevilha (6h30 de ônibus ou 1h de avião) e de lá seguir para Madrid de trem, se a ideia for evitar o avião.
Duas cidades tão belas quanto diferentes na Espanha e que, certamente, devem estar presentes no roteiro da sua viagem para Europa. Madrid é a capital e comporta-se como tal: trânsito intenso, museus de renome internacional e uma gastronomia riquíssima. Saindo de lá, a dica é fazer um bate-volta até Toledo ou Segóvia (cerca de meia hora de trem), ou ainda Córdoba (1h45min).
Já Barcelona tem um clima totalmente relax, e mistura cultura, praia e vida noturna como poucas cidades na Europa. Das maravilhas arquitetônicas de Gaudí às animadas areias da Barceloneta, a ordem é se divertir na capital da Catalunha. Se sobrar um tempinho, pegue o trem até as simpáticas Girona (1h) ou Valência (3h).
Roteiro 3 – Rota da Cerveja: Munique, Bruxelas, Amsterdam, Dublin
Munique – Bruxelas: 1h20 min de voo
Bruxelas – Amsterdam: 1h50 de trem
Amsterdam – Dublin: 1h30 de voo
Os apreciadores da boa cerveja fazem a festa, literalmente, em uma viagem pela Europa. E se a ideia é provar algumas das melhores bebidas enquanto se conhece lugares incríveis, um bom roteiro cervejeiro não pode deixar de incluir essas quatro cidades.
Munique praticamente dispensa comentários. Lar da maior festa da cerveja do planeta – a lendária (e muito copiada) Oktoberfest, a capital da Baviera possui a mais antiga cervejaria em funcionamento do mundo (a Weihenstephan, de 1040) e alguns dos melhores “biergartens” (jardins da cerveja) de que se tem notícia – o da Torre Chinesa no Englischer Garten (jardim central da cidade) é o maior de toda a Alemanha.
A Bélgica é outro paraíso cervejeiro, com destaque para Antwerp, Bruges e, claro, a capital Bruxelas. Lá se pode provar as melhores cervejas belgas, em alguns dos bares mais legais e criativos da Europa. Escolher dentre as centenas de marcas é uma tarefa sim difícil, mas extremamente prazerosa.
Ainda que menos “respeitada” pelos experts do que as vizinhas Alemanha e Bélgica, a Holanda orgulha-se e muito de suas famosas e populares marcas de cerveja. A começar por uma tal Heineken – cuja visita à sua antiga fábrica, na capital Amsterdam, é programa imperdível.
Já na capital irlandesa, não tem pra ninguém: Guinness é a rainha. Ainda que várias outras boas cervejas artesanais estampem os cardápios dos tradicionais e animados pubs de Dublin, é a cerveja preta que virou sinônimo do país, com direito à visita pública à sua cervejaria, fundada em 1759.
Roteiro 4 – Leste Europeu: Praga, Viena, Budapeste, Cracóvia
Praga – Viena: 50 min de voo ou 4h30 de trem
Viena – Budapeste: 45 min de voo ou 3h de trem
Budapeste – Cracóvia: 2h30 de voo
Uma das rotas mais populares para quem quer explorar o leste europeu é fazer o circuito Praga-Viena-Budapeste de trem, graças a suas distâncias relativamente curtas e as belas paisagens que se vê ao longo do caminho.
As três cidades possuem uma intensa programação cultural, então é bom reservar vários dias para cada uma se a ideia for curtir o maior número de eventos – concertos de música clássica, óperas, balés, peças teatrais (muitas em inglês, o que facilita a vida do turista estrangeiro) etc. Os ingressos costumam ser bem mais em conta que em outras grandes capitais (como Londres e Paris), mas também bastante populares, então vale reservar antes ou tentar comprar logo que chegar à cidade.
Falando em custo, todas as três são extremamente convidativas aos visitantes. Come-se e bebe-se muito bem por lá e pagando pouco. O transporte público também funciona bem, mas a principal “regra” por lá e mesmo caminhar e caminhar e caminhar…Em cada cantinho, uma descoberta diferente, uma história riquíssima, uma arquitetura única. E à noite, as capitais da República Tcheca, da Áustria e da Hungria se iluminam para saudar seus visitantes e conseguem ficar ainda mais belas.
E por que não adicionar a Polônia nesse mix de viagem tão curioso? Cracóvia, na ponta sul, é considerada por muitos a cidade mais bonita do país, e cujo centro histórico é considerado Patrimônio Mundial da UNESCO. Muitos também aproveitam a viagem para visitar os antigos campos de concentração de Auschwitz, em Oswiecim, a cerca de uma hora de distância.
Roteiro 5 – Escandinávia: Copenhagen, Estocolmo, Oslo
Copenhagen – Estocolmo: 1h10 de voo ou 5h15 de trem
Estocolmo – Oslo: 1h de voo ou 4h30 de trem
Essas três capitais escandinavas compartilham de uma característica marcante: elas misturam o antigo da Europa cheia de história, e o novo da modernização e urbanidade atuais. Tudo muito limpo, organizado, educado e, apesar de mais caro de que outras regiões, muito atraente para seus visitantes.
Com suas ruas planas e arborizadas, Copenhagen é o paraíso para os ciclistas – não por acaso, mais da metade da população usa bicicletas ou segways para se locomover diariamente. Em dias claros, o contraste do céu azul com as cores vibrantes dos prédios parece formar uma espécie de cartão-postal.
Estocolmo é daqueles destinos de viagem para caminhar e descobrir sem pressa. Não há uma lista de pontos turísticos famosos para ir visitando e riscando, mas sim um conjunto harmonioso de belezas clássicas, rodeadas por pontes e canais limpíssimos e uma arquitetura medieval com toques de vanguarda.
E Oslo é outro show de elegância e civilização. Tudo bem que se paga bastante pela qualidade de vida por lá – dos ótimos restaurantes aos impecáveis (quase 50) museus – mas sua arquitetura arrojada, seus belos parques e a receptividade de seus habitantes compensam o “investimento”.
Roteiro 6 – Países Bálticos: Tallinn, Riga e Vilnius
Tallinn – Riga: 50 min de voo ou 4h30 de ônibus
Riga – Vilnius: 50 min de voo ou 4h de ônibus
Eis uma ótima opção para fugir dos roteiros europeus tradicionais: Incluir Estônia, Letônia e Lituânia na viagem é ideal para aqueles que procuram mais sossego (leia-se menos multidões de turistas, filas, espera etc.) e que têm um orçamento mais apertado, já que o câmbio por lá favorece a todos.
O centro histórico de Tallinn é um verdadeiro museu a céu aberto, com seus prédios medievais super bem conservados, e também resume bem o espirito da cidade: linda, compacta e muito aconchegante. Dica extra: Helsinki, capital da Finlândia, fica a apenas 2h de navio, então vale considerar um bate-volta, se o calendário permitir.
Os apaixonados por arquitetura vão se deleitar com Riga. A capital é famosa por suas construções em estilo art nouveau, com centenas de prédios espalhados pelas ruas – considerado o maior acervo do mundo. Os monumentos dividem espaço com os belos parques verdes, onde moradores e visitantes relaxam e apreciam a natureza.
Já Vilnius tem um clima familiar contagiante, com feiras e eventos de rua que reúnem a população local. Os pontos turísticos, apesar de não exageradamente famosos, primam pela beleza e autenticidade – tais como o Teatro Nacional, a Torre do Sino e a gótica catedral da praça central.