Viajar abre as nossas mentes – e o nosso mundo. Ao abraçarmos novas experiências, ajudamos a quebrar as barreiras que existem hoje – as barreiras que nos levam a pensar que há mais coisas nos dividindo do que nos unindo. De fato, a maioria de nós é bem mais diversa e possui muito mais em comum com pessoas de outros países do que jamais poderíamos imaginar. É essa a mensagem que a estamos dividindo com o mundo desde que lançamos a campanha The DNA Journey.
O Zeca Camargo, jornalista brasileiro, há muitos anos ajuda as pessoas a enxergar o mundo de outra forma, através das suas viagens inspirando todos nós a expandirmos nossas fronteiras explorando novos lugares. Por ele defender valores que são parecidos com os nossos, resolvemos convidá-lo para fazer um teste de DNA e descobrir as suas origens. Ele topou!
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No Facebook do Zeca, você pode ver o vídeo que ele gravou quando recebeu os resultados. Batemos um papo com ele sobre o que o motiva a viajar e sobre os aprendizados que ele leva na bagagem.
1. Como e quando você foi mordido pelo “bichinho da viagem”?
Eu costumo dizer que fui “empurrado” pra fora de casa desde pequeno. Meus pais sempre acreditaram que viagem é educação, por isso, desde quando eu era criança já percebi o esforço que eles faziam para que os filhos se interessassem por viagens, por culturas de outros países. A primeira vez que saí do Brasil foi quando tinha 9 anos – e foi para Buenos Aires, que era então um destino cheio de mistérios para mim e meus irmãos. Depois disso, a “mordida do bichinho da viagem” já tinha tido efeito – não teria mais volta…
2. Como você se prepara (mentalmente, fisicamente, espiritualmente) para uma nova viagem?
Dou sempre a preferência para um destino que ainda não conheça. Outros lugares que já visitei e são favoritos, podem entrar no roteiro também. Mas tem que ter pelo menos uma “estreia”! Uma vez que defini o destino – ou os destinos – procuro apenas informações essenciais, que me permitam “navegar” por onde quero ir com conforto e o mínimo de segurança. O resto, eu deixo para descobrir lá mesmo. Fisicamente, a essa altura da minha vida, com tantas viagens “na mochila”, acho que meu corpo já está acostumado com os trajetos. Eu digo a mim mesmo: são só umas horinhas no avião para chegar num lugar dos seus sonhos… E o cansaço da viagem a gente compensa depois com os prazeres da visita.
3. O que você aprendeu sobre o mundo e você mesmo durante suas viagens?
Duas coisas muito importantes. A primeira, que somos muito diferentes – e isso faz da gente seres humanos. Somos criativos, diversos, sempre inventamos coisas – e isso é a riqueza do nosso planeta, e o que me faz ir em frente é descobrir cada vez mais essas diferenças. Segundo, descobri também que a gente é muito parecido… Apesar dessas discrepâncias de cultura, o que queremos finalmente, não importa em que canto do mundo, são as mesmas coisas: ter uma vida feliz, poder estar perto da família, exercer sua fé com liberdade, ter um trabalho digno, fazer amigos, amar. E são essas semelhanças que fazem a gente se conectar com as pessoas por mais diferentes que sejam nossas culturas.
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4. Qual é a sua foto preferida, que tirou durante uma viagem?
Minha viagem a Myanmar, em maio de 2015, é a campeã de fotos incríveis – e entre essas, minha favorita é a que tirei com um buda bem sorridente e calmo, numa stupa meio abandonada, às margens do lago Inle. Estou com uma cara tão feliz quanto a da estátua e acho que essa coincidência não foi à toa… Mas se for para separar só uma imagem, eu adoro um retrato que fiz com uma linda menina no meio de uma aldeia em Papua Nova Guiné. Cheguei lá depois de um longo trekking, estava exausto, com fome, mas a garota – a filha do meu trilheiro, me recebeu com um abraço tão carinhoso, que todo mundo que vê essa foto diz que ela é iluminada. Quem sou eu para discordar…
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5. Houve algum momento inesquecível durante suas viagens que você gostaria de ter tirado uma foto mas por algum motivo não conseguiu?
As fotos que a gente não consegue tirar são aquelas das sensações que temos em lugares especiais. Quando fui a Timbuktu, no Mali, tive tantos problemas para chegar lá que, quando estava diante daquelas mesquitas de barro maravilhosas, chorei. As pessoas nos recebem lá dizendo: “Bem-vindo ao fim do mundo”… E é essa mesmo a sensação: a de ter chegado em um país onde poucos conseguem ir. Fiquei muito emocionado e queria capturar aquela singularidade de estar num lugar tão especial, à beira do Sahara. Mas nem cem, mil fotos seriam capazes de registrar aquele momento.
6. Se você pudesse escolher qualquer pessoa no mundo, viva ou morta, como seu parceiro de viagem, quem escolheria e por quê?
Queria viajar com os primeiros nômades – aquelas tribos que não tiveram medo de sair adiante e espalhar nossa espécie pelo mundo todo. Essa sim, era uma verdadeira descoberta…
7. Qual foi a maior surpresa que teve ao receber o seu teste de DNA?
Como brasileiro, eu já tinha a certeza de que era fruto de misturas – essas é, afinal de contas, a história do nosso país, do nosso povo. Mas o que me surpreendeu mais foi o tal 1% do meu DNA, que vem do Oeste da África. Claro que o continente africano tem uma parte importantíssima na nossa formação – e sempre brincamos que temos um pouco de tudo isso dentro da gente. Mas agora está provado! A brincadeira é seríssima – e me deixa muito feliz!
8. Você acha que saber mais sobre as suas origens vai mudar a forma como as suas viagens serão daqui pra frente? Como?
De certa maneira ter conhecido essas origens me fez sentir mais dono desse mundo ainda. Sempre achei que circular por este planeta é um dos nosso direitos primordiais – essa curiosidade nasce com a gente, fomos feitos para circular, para nos misturar. Como o teste mostrou, eu – e todos nós – somos frutos de várias misturas. E isso é um motivo de grande orgulho! Olhar para as pessoas que vamos encontrando pelo caminho e se sentir conectado a elas, não só por uma afinidade pessoal, mas por uma ancestralidade, é também uma descoberta preciosa, e que nos deixa mais poderosos como viajantes.
9. Você acredita que viajar nos ajuda a abrir a mente e tornar o mundo um lugar melhor?
Acredito que só existe uma maneira de lidar com as diferenças que o mundo apresenta pra gente: perceber como somos parecidos. E a melhor maneira de fazer isso é com a troca de contato, com a possibilidade que as viagens pelo mundo nos dá de cruzar com gente de todo tipo – e querer reforçar nossa conexão através dessas diferenças. Só assim a gente sacode preconceitos e constrói entendimento entre as pessoas.